Voltar para todos os eventos

Vozes do presente: o agora é político

  • Auditório Luís de Camões Praça do Comércio Coimbra, Coimbra, 3000-116 Portugal (mapa)

“O presente é uma encruzilhada. E toda encruzilhada exige escolha.”

A última mesa do ciclo Descolonização do Patrimônio Intelectual e Cultural não olha para trás nem projeta o amanhã: ela finca os pés no agora. E pergunta, com todas as letras: quem fala hoje em nome do patrimônio cultural? Que vozes estão a ser amplificadas — e quais continuam a ser ignoradas?

Quatro convidados encerram o ciclo com a lucidez dos que conhecem os seus territórios — e sabem que o tempo da escuta é agora.

Joãozinho Gomes, poeta e compositor do Amapá, representa a oralidade ribeirinha e amazônica. Sua voz vem das margens do mapa, mas o que diz é central: que o Brasil profundo fala, canta, pensa e resiste. Que o tempo do Norte também é o tempo do país.

Alberto Santos, escritor e atual Secretário de Estado da Cultura de Portugal, chega como alguém que vive entre a ficção e a política. Seus romances históricos desmontam os monumentos da memória lusitana e, na esfera pública, atua com consciência sobre a necessidade de rever o papel de Portugal no espelho da sua própria história.

Germano Almeida, que retorna ao ciclo como ponto de ancoragem entre o arquipélago e o continente, é o autor que transformou Cabo Verde num personagem coletivo. Sua literatura política, humorada e profundamente crítica revela o que há de colonial em nossas repúblicas e o que há de revolucionário na linguagem da ilha.

José Manuel Diogo, escritor, consultor e curador do ciclo, encerra como começou: convocando o público a entender a lusofonia como um campo de construção ativa. Um espaço de encontros e desencontros, onde o centro é apenas o lugar a partir do qual se ouve.

Esta mesa não se esgota no debate: ela é, por si só, um gesto de reposicionamento cultural. Um convite a pensar políticas públicas, projetos literários, ações editoriais e decisões institucionais como escolhas estéticas e éticas.

Num mundo que acelera para calar, ouvir tornou-se um ato político. E quem ocupa a palavra, ocupa também o direito de nomear o mundo.

Venha para esta mesa como quem sabe: o presente é também um patrimônio. E está em disputa.

 
Anterior
Anterior
28 de junho

Imaginários do futuro: libertar-se é fabular